Praticante Iniciante x Avançado
Por ser praticante de Yoga e ensinar a quase 30 anos, muitas vezes me questionei sobre qual o meu nível de Yoga, ou seja, onde eu me encontrava nesta caminhada. Não sei se por problemas de auto-estima, ou pura consciência das minhas limitações, nunca me considerei mais ou melhor do que os outros por praticar Yoga. Na verdade, sempre tive a consciência de que minha vida seria muito difícil sem o contato com esta filosofia de vida prática.
Também sempre questionei os alunos sobre qual era o nível de prática o qual eles se consideravam: iniciante, médio ou avançado? Sinceramente, acho engraçado quando eventualmente vejo a resposta do aluno se considerando um praticante avançado.
Afinal, o que é isso? Ser um praticante avançado? Lembro da minha professora Gloria Arieira explicando que quando estamos com raiva, jogamos na fogueira toda educação que recebemos, jogamos todos os livros e anos de estudo, e partimos para a briga. Talvez praticante avançado seja aquele que consiga se separar dos problemas e dramas da vida e agir com calma e consciência.
Como podemos nos considerar praticantes avançados? Se sofremos por tantas coisas pequenas? Se quando contrariados, batemos o pé no chão como crianças mimadas? Se durante a prática, passamos dos nossos limites corporais e mentais? Se por muitas vezes almejamos coisas da prática que não são reais ou possíveis? Se comparamos o nosso corpo com o dos outros, ou seja, comparamos nossa hereditariedade e história de vida com a dos outros? Se nos gabamos por praticar Yoga? Se achamos que, por praticarmos Yoga somos melhor do que os outros? Como podemos nos considerar praticantes avançados?
No meu ver, assim como é a vida, assim é a prática de Yoga. Assim como você lida com as situações limitantes na vida, você lida com as situações limitantes na prática de Yoga. A prática é uma forma de você entrar em contato com o jeito de ser, com o seu “pano de fundo”, aquele monte de experiências registradas no seu corpo e mente que fazem você reagir diante das situações, ao invés de agir de acordo com o momento presente.
Pra mim é muito fácil falar sobre Yoga. Difícil mesmo é praticar tudo aquilo que se sabe quando apertam os nossos botões. Por isso, boas práticas para nós, “forever” iniciantes.
Camila Reitz pratica e estuda Yoga desde os 18 anos por pura necessidade. Administra todos os “erros” aprendendo sempre com eles. Desenvolveu a metodologia do Hatha Vinyasa Yoga. Ministra cursos de filosofia e prática do Yoga e curso de Formação em Hatha Vinyasa Yoga presencial e on-line. É diretora do Studio Hatha Vinyasa Yoga em Florianópolis, cidade onde vive.
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