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Brahmacharya

Os Yamas e Nyamas são condutas éticas que nos guiam através da vida, no sentido da ação correta e virtuosa. Os Yamas se referem às restrições externas e os Nyamas às observâncias internas. São dois dos 8 passos (Yamas, Nyamas, Asana, Pranayama, Pratyahara, Dharana, Dhyana e Samadhi) sistematizados por Patanjali nos Yoga Sutras, texto fundamental na filosofia do Yoga, no caminho em busca de um estado de equilíbrio entre corpo, mente e espírito.


Brahmacharya é o quarto dentre cinco Yamas, e na sua etimologia é composta de duas palavras: “Brahma” como os Vedas nomeiam ao que chamamos Deus, o Absoluto, a Suprema Consciência, e “ Charya” que pode ser traduzida como uma conduta, um modo de se comportar, ou seja, conduta que te aproxima, que te conduz ao sagrado, à Deus. Muitas vezes Brahmacharya é traduzido como castidade ou celibato, por ser a energia sexual uma fonte poderosa de prana e restringi-la seria um caminho para transformar prana em força criadora do espírito, neste caminho que te conduz a Brahma.


Mas como o homem comum pode trazer para a vivência diária Brahmacharya, se esta palavra for interpretada como celibato? Neste sentido Brahmacharya seria compreendida como moderação dos sentidos, uma forma de preservação desta poderosa

energia e não um veto, uma renúncia ao sexo. Nem repressão e nem liberação

completa, mas sim encontrar a medida entre estes dois padrões de comportamento,

em busca de canalizar esta energia para o autoconhecimento.


Moderaçāo não só do sexo mas no sono, comida, desejos, impulsos. Controle da

nossa energia vital e uma canalização desta energia com a finalidade de nos manter

equilibrados e em paz. A nível físico mantemos este controle através da auto observação e do autocuidado, como por exemplo o equilíbrio existente entre o trabalho e o descanso.


Na prática de asanas, trata-se de encontrar este equilíbrio entre usar a força quando

necessário e relaxar nas pausas, deixar ir ou agir quando necessário. Não só usar a força, mas dosar esta força, de modo a não estar nem além e nem aquém do que sou capaz de produzir, e para isso necessito de consciência para que não haja desperdício de prana e depois esta energia nos falte.


Pode ser aplicado em aspectos diversos da nossa vida, no trabalho (quando nossas

atividades laborais nos fazem bem, nos nutrem ao invés de drenar nossa energia), nos

relacionamentos (quando nos traz critérios em relação a quem compartilhamos a nossa energia sexual, valorizando nossas parcerias, os honrando, agradecendo e sendo fiéis, mas acima de tudo a nós), na comida (quando selecionamos os alimentos e nos alimentamos de coisas saudáveis e em quantidades adequadas).


Seria portanto a prática da moderação e o uso correto do prana. E como posso praticar Brahmacharya no meu dia a dia? Trazer os ensinamentos do tapete para a vida real?

Aqui estão alguns pontos a serem observados:

● Comer devagar;

● Não deglutir apenas as bebidas;

● Observar seus impulsos (de comer, de beber, de ir mais longe);

● Observar os pensamentos e as emoções quando os impulsos aparecerem;

● Ouvir seu corpo;

● Limitar o uso da internet e das redes sociais;

● Dormir mais cedo;

● Ter períodos de pausas regulares na sua rotina de trabalho;

● Se possível, programe-se para não fazer nada em alguns momentos.


O senhor Krishna no Bhagavad Gita, diz que um verdadeiro yogue segue Brahmacharya na moderação, na alimentação, no sono, nos relacionamentos amorosos, em busca da liberdade. A prática deste Yama, transforma nossa mente, equilibra nossos sentidos com objetivo de nos libertar dos impulsos e dos desejos, substituindo prazeres sensoriais por paz interior e alegria sem causa, e nos conduz à Moksha - libertação do ciclo de renascimento e morte.





Texto por Rosane Aveiro, aluna da Formação em Hatha Vinyasa Yoga On-line 2022



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